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CONTEMPORARY
20th century
Ernesto Korrodi, Swiss nationality, was born in 1870 and died in 1944.
He settled in Portugal, integrating the faculty of the Industrial School of Braga and, in 1894, joined the School of Industrial Design of Leiria (Escola Domingos Sequeira). These schools are part of the policy of fostering the period of Regeneration that Fontes Pereira de Melo will make viable through the technological development that will allegedly link the country to Europe, using the recruitment of several foreign teachers. In practice, Portugal has never been able to create and implement an artistic teaching with application to industry capable of recovering the constructive principles associated with the past and adapting the new technical resources to the architecture.
Korrodi will finally settle permanently in Leiria, developing his activity of architect a little throughout the country.
20th century
Ernesto Korrodi, Swiss nationality, was born in 1870 and died in 1944.
He settled in Portugal, integrating the faculty of the Industrial School of Braga and, in 1894, joined the School of Industrial Design of Leiria (Escola Domingos Sequeira). These schools are part of the policy of fostering the period of Regeneration that Fontes Pereira de Melo will make viable through the technological development that will allegedly link the country to Europe, using the recruitment of several foreign teachers. In practice, Portugal has never been able to create and implement an artistic teaching with application to industry capable of recovering the constructive principles associated with the past and adapting the new technical resources to the architecture.
Korrodi will finally settle permanently in Leiria, developing his activity of architect a little throughout the country.
CONTEMPORÂNEO
Séc. XX
Ernesto Korrodi, nacionalidade suíça, nasceu em 1870 e faleceu em 1944.
Estabeleceu-se em Portugal, integrando o corpo docente da Escola Industrial
de Braga e, em 1894, ingressou na Escola de Desenho Industrial de Leiria
(Escola Domingos Sequeira). Estas escolas inserem-se na política do fomento do
período da Regeneração que Fontes Pereira de Melo tornará viável através do
desenvolvimento tecnológico que, pretensamente, ligará o país à Europa,
recorrendo ao recrutamento de vários professores estrangeiros. Na prática,
Portugal nunca conseguiu criar e implantar um ensino artístico com aplicação à
indústria capaz de recuperar os princípios construtivos associados ao passado e
adaptar os novos recursos técnicos à arquitectura.
Korrodi acabará por se fixar definitivamente em Leiria, desenvolvendo a sua
actividade de arquitecto um pouco por todo o país.
O período, que Korrodi enfrenta, é marcado pela ascensão de uma nova burguesia
à classe dirigente. Esta classe dominante parece pronta a lançar as bases da
industrialização, reflectindo uma conjuntura de euforia e crença no Progresso.
Contudo, em termos artísticos não vai além da aceitação dos primeiros
românticos, centrados no Naturalismo ? corrente associada às artes plásticas
que expressa a melancolia, através da representação da natureza e dos costumes,
invocando o espírito bucólico, muito ao gosto da burguesia oitocentista ? o
que, paradoxalmente, nega o Progresso como cultura artística.
Verifica-se então, no domínio da pintura, que as insuficiências do
Romantismo "reveladoras de uma total incapacidade de se obstar a uma
ruptura com os valores plásticos tradicionais", fatalmente, espelhavam-se
nas demais artes.
A burguesia portuguesa necessitava do passado como condição de afirmação
das suas referências como classe e da sua identidade. O que ela ansiava
resumia-se a uma "dúbia" conciliação do Progresso com a Tradição.
Ambição que realça as suas contradições dividida entre o Passado e o Presente e
a sua dificuldade em aceitar uma arte em consonância com as técnicas que o
século proporcionava aos construtores ?modernos? nas obras de engenharia. Há
aqui uma clara incapacidade de assimilar o Progresso entendido como cultura
artística. Ora se esta resistência é óbvia nos meios urbanos, designadamente em
Lisboa, na província é ainda mais evidente, optando a burguesia por recorrer ao
historicismo como garantia da sua promoção na hierarquia social impondo-se como
classe. É contra este espírito que Korrodi se insurge, defendendo
intransigentemente os museus artísticos-industriais, como agentes dinamizadores
da regeneração da Arte, nas suas mais diversas aplicações, e o ensino do
desenho como factor determinante da educação do gosto das futuras classes
consumidoras.
Com uma vasta erudição, Korrodi inspira-se nos princípios teóricos de Viollet
Le Duc e dedica-se aos estudos históricos-arqueológicos, defendendo a
salvaguarda dos Monumentos Nacionais, contra um certo espírito reinante onde as
ruínas são encaradas com curiosidade pelo pitoresco da paisagem e pelo
saudosismo transmitido, e proclamando um ideal de Arte que via no passado a
lição necessária para a arquitectura do presente. O que, forçosamente, conduz à
defesa da reconstituição dos monumentos do passado, numa perspectiva ainda
centrada no princípio da "unidade de estilo", testado, em França, na
reconstrução dos monumentos. Esta atitude apesar de indissociável de uma via
romântica, acaba por se contradizer ao apoiar-se em regras conducentes a uma
renovação ética e estética da Arquitectura e das Artes Decorativas, afirmando a
supremacia da razão que, simultaneamente, lança as bases do movimento moderno,
representando um ponto de chegada nos revivalismos do séc. XIX (com efeito, se
o revivalismo implica um conceito historiográfico que nega as transformações
radicais da sociedade burguesa, ele é, simultaneamente, um movimento que se
assume como progressista através do recurso aos novos materiais de
construção" e nisso caminha a par da ambicionada aliança entre a Tradição
e o Progresso no domínio das Artes Decorativas). O revivalismo só virá a ser
posto em causa quando a Arquitectura moderna define um novo sistema de valores
coerente com as técnicas do presente. Até lá, passar-se-á por uma fase em que
se faz a apologia da morte do "espírito gótico" e se proclama que só
"a forma sem vida" é que é possível para o construtor do séc. XX,
assinalando-se assim o estertor do revivalismo.
Como metodologia de trabalho Korrodi recorre ao desenho, que é uma das
ferramentas que domina com grande minuciosidade, registando múltiplos
monumentos e detalhes construtivos.
De acordo com o pensamento europeu da época, Korrodi, que apesar de radicado em
Portugal mantém-se informado, sem cessar os seus contactos com o estrangeiro,
parte do princípio que o conhecimento dos estilos do passado informa
ecleticamente o artista e o ornamento reflecte este conhecimento identificando-se
com o estilo.
À medida que Korrodi evolui, acaba por ser precursor do "modernismo"
sem escapar à sua vocação historicista (ecletismo historicista).
Na prática é um cultor do gótico arqueológico que aplica as suas teorias sobre
o restauro dos monumentos no seu empreendimento mais ambicioso ? a reconstrução
do Castelo de Leiria. Significa isto que o estilo reside na aplicação dos
princípios construtivos de determinada época, operando-se o restauro dentro da
própria lógica do sistema, justificando em última instância, o emprego de novas
técnicas e materiais. Contudo, por estar a par do curso da mudança que
lentamente se operava no domínio da arquitectura e das artes decorativas e que,
irremediavelmente, remetia o revivalismo à sua própria historicidade, acaba por
renunciar à sua sonhada reconstrução do Castelo de Leiria, preconizando a sua
consolidação através de cimento armado. Apesar destas contradições que indiciam
obras com filosofias diferentes, com resultados onde, por vezes, emerge a ingerência
do cliente presente nas limitações da encomenda que sugerem discutíveis
critérios de gosto a que o arquitecto por questões de sobrevivência se tem que
sujeitar, poder-se-á afirmar que a obra de Korrodi é essencialmente eclética
(livre adopção de estilos onde predomina a fantasia inventiva). Na prática,
Korrodi combina referências e estilos diversos e obedece, de um modo geral, a
programas comuns à arquitectura do séc. XIX " que adopta o «clássico»
para os edifícios públicos e o «medieval» para os religiosos. Porém,
diferencia-se dos seus contemporâneos (Ventura Terra, Raul Lino, Norte Júnior,
Pardal Monteiro, Adães Bermudes, Nicolau Bigaglia, irmãos Rebello de Andrade,
etc.), porque nunca será um arquitecto "monumentalista". No fundo, ao
afastar-se de um certo luxo urbano cosmopolita e ao revelar um certo ascetismo
de raízes nórdicas que transparece também nas moradias e prédios de rendimento,
acaba por distinguir a sua obra no contexto da época. Acresce que Korrodi, além
de ser um artista da pedra, criador de uma oficina de canteiros onde
desenvolveu uma actividade regeneradora do trabalho tradicional da pedra, é
acima de tudo um escultor decorador associado a um movimento que aspira
libertar a Arte das suas falsidades decorativas. É essa relação entre a forma e
o ornamento que define o seu estilo pessoal, originando uma arquitectura
pretensamente sóbria e clara na definição volumétrica que se aproxima, na sua
espacialidade, a um programa próximo do "Domestic Revival" inglês e
da arquitectura inglesa de "Cottage".
Seguidamente, já influenciado por Raul Lino, passa a integrar um conjunto
de regionalismos nas suas obras, aproximando-se do espírito da "Casa
Portuguesa" e, designadamente, de uma linguagem formal assente na busca
das raízes de um tipo de arquitectura nacional. Este aportuguesamento na
decoração e na arquitectura manifesta especial atenção para os períodos
maneirista e barroco.
A sua formação aliada à actividade artesanal e ao conhecimento da matéria-prima
justifica a existência de uma ornamentação minuciosamente estudada, dentro de
um entendimento dos valores artesanais da matéria, aplicada sobre superfícies
lisas e uniformes. Desta forma, Korrodi, embora tardiamente e sem abdicar de
ser um "tradicionalista", acaba por integrar no seu vocabulário a
Arte Nova, como nova morfologia decorativa, reflectindo a procura de um
programa habitacional que reabilita a arte de construir. A sua acção estende-se
inclusive à decoração de interiores e ao desenho de mobiliário, inspirando-se a
sua obra nos ideais do movimento Arts and Crafts que defendia a conciliação do
utilitarismo com a beleza da forma. Também aqui, embora Korrodi defendesse a
educação do gosto das classes médias através das artes aplicadas aos ofícios,
lhe aconteceria o mesmo que às suas obras de arquitectura, cujo programa
dependia, em última instância, do estatuto social do encomendador. Não
obstante, Korrodi realizou uma obra que influenciou a noção de conforto,
conjugando a perfeição de acabamentos com o traçado minucioso dos interiores.
Num período em que a diversidade estilística vai desde a Arte Nova às
persistências do período eclético e revivalista do séc. XIX, com a afirmação de
uma vertente tradicionalista "renovada" na arquitectura nacional,
ligada à gramática da "Casa Portuguesa" poder-se-á considerar que,
acima de tudo, o grande contributo de Ernesto Korrodi à Arte em Portugal
assenta na novidade das suas propostas teóricas e práticas e sentido reformador
do artesanato artístico. Além disto a perspicácia presente no diálogo que soube
manter com uma estrutura de sociedade, a cujas persistências no tempo a sua
própria obra não pôde escapar, foi decisivo para gerar obras que expressam uma
coexistência pacífica entre o velho e o novo, anunciador de uma nova época.
Assim, estilisticamente, podemos afirmar que a resposta de Korrodi às
encomendas públicas corresponde a um registo eclético mais decorativo,
predominantemente maneirista ou barroco; na arquitectura privada, a sua obra
oscila entre as formas Pombalinas ou as da "Casa Portuguesa",
adaptando por vezes uma ornamentação Arte Nova. Na arquitectura religiosa ou
funerária desenvolvia um programa neogótico que, apesar do surto neo-romântico,
melhor correspondia às suas inclinações pessoais.
Em Castelo de Vide, as obras atribuídas a Ernesto Korrodi são:
- Casa do Povo
- Cine-Teatro, 1940 (com Ernesto Camilo Korrodi)
- Balneário das Termas
- Transformação de um prédio na rua da Arrochela, propriedade do Sr.
Francisco José Bugalho, 1915
- Reconstrução da casa da Quinta da Luz, propriedade do Dr. António Flores,
1920
- Transformação de uma moradia, propriedade da Sr.ª D.ª Arminda Durão
Cordeiro
- Ampliação de um prédio pertencente ao Dr. Adolfo Bugalho, 1937
- Prédio de rendimento, propriedade da Sr.ª D.ª Júlia Moura